Comitiva  Boi  Soberano


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HOMENAGEM  AO  "VIEIRA",  O  "REI  DO  CATIRA"

 

rubens Vieira Marques, o "Vieira", juntamente com seu irmão Rubião Vieira, o "Vieirinha", formaram uma das melhores duplas de violeiros que existiram. Nascidos na cidade de Itajobi, interior de São Paulo, filhos de Bernardino Vieira Marques e Maria Gabriela de Jesus, desde cedo passaram a se dedicar à música, influenciados pelos familiares, sendo conhecidos inicialmente como os "Irmãos Vieira". Naquela época, já cantavam nas Festas de São João, promovidas pelo tio Antônio Vieira, na Fazenda Lagoa Limpa, que atraíam grande público e geravam muita expectativa, posto que tais festas eram grandes acontecimentos sociais na época. Trabalharam na Fazenda Fortaleza, de propriedade do pai, mas também foram peões de boiadeiro e viajaram muito pelos "estradões" do sertão. Mais tarde, foram para São Paulo tentar a sorte como violeiros.  Somente quando foram gravar o primeiro disco, em 1.953, é que receberam o nome artístico de "Vieira e Vieirinha", dado pela também famosa e importante dupla "Tonico e Tinoco". Na verdade, a carreira da dupla ganhou grande impulso no ano de 1.950, quando cantaram na campanha eleitoral do então candidato a presidente Getúlio Vargas, sem ganhar dinheiro mas com a promessa de que, se o candidato ganhasse, a dupla passaria a cantar na Rádio Nacional, o que realmente acabou acontecendo. Durante muitos anos, a dupla apresentou programas radiofônicos em que cantava ao vivo, como se fazia antigamente, ficando bastante famosa e conhecida. Além disso, viajou pelo interior fazendo apresentações em circos, como era costume na época. Também gravou mais de cem discos, entre os antigos 78 rotações, LPs e CDs. A dupla terminou com a morte de "Vieirinha", em 1.991, sendo que "Vieira" ainda chegou a formar dupla com seu filho Ailton Estolano Vieira, o "Vieira Júnior", que é excelente violeiro, tendo gravado um CD. Porém, "Vieira" veio a falecer em 09 de julho de 2.001, deixando mais pobre o cenário da música sertaneja "de raiz", ou caipira. Na minha opinião, a mais bela música sertaneja existente, que revela muito da alma do caboclo sertanejo de raiz, ou caipira, é o grande sucesso da dupla, "Garça Branca", cuja letra transcrevo abaixo. O "Vieira" fazia todos os anos, no mês de janeiro, em sua chácara na cidade de São José do Rio Preto, onde viveu seus últimos anos, uma Festa de Reis, a que compareciam os mais importantes artistas sertanejos, violeiros, catireiros e foliões de Reis. Na última delas, no dia 21 de janeiro de 2.001, a Comitiva Boi Soberano prestou uma singela homenagem ao grande "Vieira", o "Rei do Catira", entregando a ele um cartão de prata, em reconhecimento ao seu inestimável trabalho em favor da cultura sertaneja, caipira, seguindo abaixo algumas fotos do evento.

Aguinaldo José de Góes

Comissário


 

GARÇA  BRANCA

(Sebastião Teixeira – Alcindo Freire)

   I

Levantei da minha cama

Depois que o galo cantô

No romper da madrugada

Que a estrela d’arva apontô

Arriei o meu cavalo

Muito manso e marchadô

Fui fazer uma viagem

Que o meu destino mandô

II 

Encontrei com dois amigo

Que na estrada me parô

Me contaram uma passage

Que meu peito soluçô

Eu não quis aquerditá

Inté por Deus me jurô

Diz que a minha Garça Branca

Bateu asa e avuô

  III

Eu virei o meu cavalo

Ligeiro que nem um vapor

E segui logo no rasto

Lugar que a garça passô

Fui entrando num ranchinho

Aonde a garça pousô

E também perdeu a vida

Na mão daquele traidô

  IV

Mais inda eu chequei a tempo, ai,

Pois ele não escapô

  V

Quem matou a Garça Branca, ai,

Com a vida também pagô

  VI

Puxei do meu parabelo

Resorvido como eu sô

Toquei dez veis o gatiu

Todas dez veis istorô

O valor da Garça Branca

A sua vida custô

Sem o amor da Garça Branca

Prá mim o mundo se acabô.


VIEIRA                                                             VIEIRINHA


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