Comitiva Boi Soberano


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VIAGEM  A  SÃO  VICENTE

(  18  marchas ) 

 

 

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        A idéia de realizar a cavalgada em mulas até São Vicente foi do cinegrafista Sérgio Antônio dos Santos, de São José do Rio Preto, com o objetivo de participar das festividades comemorativas dos 500 anos do descobrimento do Brasil, mostrando o valor do homem simples, porém valente e empreendedor, que habita o interior e aqui construiu uma das mais pujantes economias do país.

 

        O tanabiense Milton Ferreira Caires logo se entusiasmou com a idéia e convidou Aguinaldo José de Góes, o signatário, também morador em Tanabi, o qual, de início, hesitou ante a magnitude da empreitada, porém logo depois também se empolgou com a idéia, vislumbrando a oportunidade de participar de uma aventura e fazer algo em prol das nossas melhores tradições rurais e valorizar as manifestações culturais do homem do campo, como as modas de viola, a dança do catira, as Festas de São João e as Folias de Reis, hoje relegadas a inadmissível plano inferior, sufocadas pela desmedida invasão da cultura rural norte-americana, num processo que, se não for contido, acabará por nos roubar a identidade cultural e, de resto, o amor-próprio e a auto-estima, destruindo até mesmo o nosso ideal de nação.

 

            A este grupo juntou-se o nosso amigo João Roberto de Oliveira, morador no Bairro Rural da Ponte Nova, em Bálsamo, e iniciou-se, já no mês de abril de 1.999, um criterioso planejamento que permitisse a realização da cavalgada.

 

            Posteriormente, recebemos também inestimável apoio do tanabiense, hoje radicado em Campinas, Aparecido Donizete Donaire, que se revelou um grande amigo e companheiro de jornada. 

 

 

            De início, pensou-se numa comitiva de cem a cento e cinqüenta cavaleiros, ou muladeiros, para sermos mais precisos, porém tal número de pessoas, e seus respectivos animais, exigiria uma infra-estrutura de apoio muito grande e, conseqüentemente, dispendiosa, o que reclamaria patrocínio de vulto.     Ocorre, todavia, que o patrocínio implicaria numa interferência do patrocinador na organização da comitiva, no trajeto a ser percorrido, na indumentária dos muladeiros e até nas tralhas de arreio, comprometendo de maneira inaceitável a filosofia do nosso empreendimento. Por isso, resolvemos que nós mesmos bancaríamos a cavalgada, com menos integrantes, cerca de vinte, e assim fizemos.

    

             Todos os animais foram ferrados, com ferraduras especialmente confeccionadas para a viagem na cidade de Indaiatuba, ficando esse trabalho a cargo do profissional Eurípedes César Rodrigues, o “Liu”, da cidade de Colina, do nosso amigo Jorge Luiz Pascon, tradicional muladeiro da cidade de Jaborandi, e do nosso companheiro de viagem Ermano de Lima Gomes, o “Pardinho”, da cidade de Ibiporanga. Os animais foram submetidos a exame de sangue, constatando-se em todos a ausência de anemia infecciosa eqüina.

 

             Os integrantes da comitiva procuraram trajar-se de acordo com os nossos costumes e tradições genuínas, o que foi observado também no arreamento das mulas e burros, com suas tralhas repletas de argolas reluzentes, no melhor estilo campeiro. Não faltaram as capas “Ideal”, os porta-capas de vaqueta e os laços de couro na garupa. E, para completar, o cargueiro do Sr. José Batista de Souza, o “Seo Zé Pequeno”, com suas bruacas, o cavalo-madrinha com seu polaco, e o berrante, executado com maestria pelo companheiro Ylio Lopes.

 

             Na comitiva não poderia faltar uma viola, para alegrar a viagem com seus ponteios, falando direto da alma do violeiro para o coração dos companheiros de jornada. E esse violeiro não poderia ser outro, se não Nilson Freitas Assunção, o “Neno Carrero”, artista tanabiense de grande talento e sensibilidade, que encantou a todos em todos os lugares por onde passamos.

          

              Inicialmente, calculamos o trajeto em cerca de 725 quilômetros, baseando-nos em mapas, porém na realidade percorremos aproximadamente 850 quilômetros em 18 dias, sendo que paramos um dia para descansar a tropa, de sorte que a viagem durou 19 dias.

 

             Partimos do Bairro Rural da Ponte Nova, localizado entre Tanabi e Bálsamo, no dia 31 de março. Passamos por Bálsamo, Mirassol, Bady Bassitt, Potirendaba, Urupês, Marapoama, Itajobi, Itápolis, Ibitinga, Itaju, Bariri, Jaú, Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, São Manuel, Botucatu, Conchas, Laranjal Paulista, Jumirim, Tietê, Porto Feliz, Sorocaba, Votorantim, Piedade, Tapiraí, Miracatu, Pedro de Toledo, Itariri, Peruíbe, Itanhaém, Suarão, Mongaguá, Praia Grande e chegamos, no dia 18 de abril, em São Vicente.

 

             Em todos os lugares por onde passamos fomos muito bem recebidos, literalmente com festas, sendo que em algumas cidades fomos recepcionados por comitivas de cavaleiros que iam ao nosso encontro e nos conduziam pelas ruas principais. Em outras, até as crianças eram dispensadas da escola para nos ver passar, com os peões, a tropa solta, o cargueiro e o berranteiro, para matar a saudade dos mais velhos e ensinar aos mais jovens como eram a vida e os costumes dos nossos antepassados.

 

             Quando explicávamos os objetivos da viagem, dentre os quais o de recordar e valorizar os nossos costumes e tradições e prestigiar as manifestações culturais do homem do campo, as pessoas se entusiasmavam e nos davam total apoio, exortando-nos a continuar.

 

 

              Recebemos inúmeras manifestações de apreço quando pernoitamos na cidade de Sorocaba, inclusive um documento expedido pela Câmara Municipal com votos de congratulações aos integrantes de nossa comitiva. Aquela cidade é conhecida como a capital do tropeirismo, havendo um museu e uma estátua dedicados ao tema, sendo que a tradição tropeira ali remonta ao século XVIII. O presidente da Associação dos Tropeiros de Sorocaba e demais membros daquela entidade foram nos visitar, dando-nos as boas vindas.

 

             Todavia, a homenagem que mais nos emocionou foi proporcionada por um coral da cidade de Sorocaba, que cantou para nós as mais belas páginas do cancioneiro caipira, num clima de profunda comoção.

 

             Nesta viagem alternavam-se momentos de dificuldades, por causa das estradas atuais, pavimentadas e feitas somente para veículos automotores, e momentos de rara beleza, como quando descemos a serra entre Tapiraí e Miracatu, passando por dentro do que restou da Mata Atlântica, vendo paisagens exuberantes, com florestas e córregos de água cristalina descendo as encostas.

            

              No dia seguinte, para cortar caminho, passamos por uma picada aberta dentro da mata a facão por dois habitantes locais, numa estrada antiga que fora retomada pela vegetação. Esse foi também um grande momento da nossa viagem.

 

             Bem, finalmente chegamos à cidade litorânea de Peruíbe, e daí em diante fomos até o final da viagem beirando a praia, valendo ressaltar que alguns dos integrantes da comitiva jamais tinham visto o mar, o que acrescentou mais um componente emocional à nossa viagem.

 

             No dia 18 de abril chegamos a São Vicente, fomos recebidos com festas e, após atravessar a ponte pênsil, sempre levando à frente o pavilhão nacional, desfilamos pela avenida beirando a praia e depois paramos diante da prefeitura, onde o alcaide nos cumprimentou e recepcionou oficialmente. Ali, para emoção dos presentes, nosso berranteiro, Sr. Ylio Lopes, executou um trecho do hino nacional. Em seguida, deixamos a tropa alojada no Jockey Clube e fomos nos hospedar no hotel “Palladium Belvedere”, reservado pela prefeitura para acomodar os convidados oficiais da festa, inclusive uma delegação de intelectuais portugueses que veio participar de congressos alusivos ao evento.

 

             Infelizmente, não pudemos ficar até o dia 22, pois o local destinado à tropa era totalmente inadequado, o que nos obrigaria a ficar ali todo o tempo vigiando os animais, impedindo-nos de aproveitar a estada naquela agradável cidade, de sorte que a maioria dos integrantes da comitiva resolveu vir embora.

 

             Todavia, nossa missão já fora cumprida com êxito na medida em que chegamos ao final da viagem, toda ela feita no lombo das mulas, com o que homenageamos a memória de nossos antepassados, relembramos as nossas melhores tradições campeiras, valorizamos a nossa música raiz e mostramos o valor do homem do interior, que ajudou a construir este país e tem consciência de que muito ainda há para construir.

 

             Finalmente, gostaríamos de ressaltar que nossa viagem recebeu ampla cobertura da imprensa desde a saída até a chegada, sendo que durante todo o trajeto concedemos inúmeras entrevistas para emissoras de rádio e televisão, bem como para jornais, conforme gravações em áudio e vídeo em nosso poder, além de recortes de jornal.

 

 

R E S U M O

 

 

CAVALGADA  DE  MUARES

31 de março a 18 de abril  do  ano  2.000

Origem: Bairro da Ponte Nova (entre Tanabi e Bálsamo-SP)

Destino: São Vicente-SP

 

 

OBJETIVOS

 

 

– Participar de uma aventura à moda dos nossos antepassados, revivendo os costumes da época do “transporte elegante das boiadas”.

 

– Valorizar as nossas tradições campeiras, prestigiando a figura do peão de boiadeiro e as manifestações culturais do nosso homem do campo, como as modas de viola, a dança do catira, as Folias de Reis e as Festas de São João, porém as autênticas e não estas em que pessoas da cidade se fantasiam de “Jeca Tatu”, simulando falhas nos dentes, usando roupas remendadas, chapéus amarfanhados e andando de modo desengonçado, assim ridicularizando a figura do caipira.

 

– Reagir contra essa tendência de americanizar a nossa cultura rural. Chega de “cow-boys” e “estilo country”, desde a indumentária até a música; se temos as nossas tradições, que aliás são ricas e belas, e nossos valores culturais não precisamos importar e copiar os dos americanos.

 

– Tomar parte nas comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, mostrando que, apesar dos graves problemas que nos afligem, aos quais não estamos alheios, gostamos de viver aqui e fazer parte do povo brasileiro.

 

 

TRAJETO  PERCORRIDO

( cerca de 850 quilômetros em 18 dias )

( média de 47 quilômetros por dia )

 

Bairro da Ponte Nova (entre Tanabi e Bálsamo)

Bálsamo

Mirassol

Bady Bassitt

Potirendaba

Urupês

Marapoama

Itajobi

Itápolis

Ibitinga

Itaju

Bariri

Jaú

Barra Bonita

Igaraçu do Tietê

São Manuel

Botucatu

Conchas

Laranjal Paulista

Jumirim

Tietê

Porto Feliz

Sorocaba

Votorantim

Piedade

Tapiraí

Miracatu

Pedro de Toledo

Itariri

Peruíbe

Itanhaém

Suarão

Mongaguá

Praia Grande

São Vicente

 

Tanabi, 27 de abril de 2.000.

 

 

Aguinaldo José de Góes

( um dos organizadores )

E-Mail   ajgoes@riopreto.com.br

 

 

 

 

RELAÇÃO  DOS  PARTICIPANTES

(em ordem alfabética)

 

1. Adhemar Izidoro Pereira Filho

mecânico

Rua Agnelo de Oliveira, nº 931, Jardim das Oliveiras, S.J. do Rio Preto-SP

fones: (17) 236-3132    9772-3464    224-6400

 

2. Aguinaldo José de Góes

Promotor de Justiça aposentado

Rua Dr. Cunha Júnior, nº 177,Centro, Tanabi-SP,

fones: (17) 3272-1109  e  9772-8625

 

3. Alessandro  Domingues Monteiro

adestrador de cavalos

Chácara São Sebastião, Jataí de Baixo, Tanabi-SP

fones: (17) _______________

 

4. Angenor Castro Geralde

metalúrgico aposentado

Rua José Florenciano dos Santos, nº 104, Vila União, Campinas-SP

fone (19) 269-7761

 

5. Aparecido Donizete Donaire

comerciante

Estância Itamarati, estrada Tanabi/Ibiporanga, KM ___

Rua Jacitaba, nº 536, Vila Aeroporto, Campinas-SP

fones: (19) 266-6182    9771-1065    736-1510    fax: 736-1516

 

6. Benedito Cândido de Oliveira  (“Tico-Tico”)

cozinheiro

Rua ____________________________, nº ______, Jaci-SP

fone (17) ______________

 

7. Bird Sereno Ricieri

bancário

Rua Cel. Joaquim da Cunha, nº 222, Centro, Tanabi-SP,

fones: (17) 3274-2690

 

 

8. Edson Castro de Oliveira  (“Tédi”)

auxiliar de granja

Rua Ivone M. de Andrade, nº 9, Jardim Centenário, Tanabi-SP

fones: (17) ____________

 

9. Ermano de Lima Gomes  (“Pardinho”)

ferrador

Rua México, nº 120, Centro, Ibiporanga-SP,

fones: (17) 3274-8159  e  974-3110

 

10. Gersi Pivaro

comerciante

Rua Marechal Deodoro, nº 60, Centro, Tanabi-SP

fones (17) 3272-1674  e 274-2436

 

11. Ílio Lopes  (“William”)

peão de boiadeiro aposentado

Rua Profª Zulmira Sales, nº 780, Parque Industrial, S. J. do Rio Preto-SP,

fones: 3212-3523

 

12. João Carlos Coiado Santiago

motorista

Rua Gabriel Ribeiro dos Santos, nº 750, Bairro Centro, Potirendaba-SP

fones: (17) 249-1039

 

13. João Divino do Prado  (“Ferreirinha”)

amansador de animais

Rua Eduardo Alves Ferreira, nº 25, Bairro ____________, Tanabi-SP

fones: (17) _____________

 

14. João Roberto de Oliveira

capataz de fazenda

Fazenda Bom Retiro, Bairro da Ponte Nova, Bálsamo-SP

fones: (17) __________

 

15. Jorge Aparecido de Souza  (“Jorge Pequeno”)

agropecuarista

Rua Profª Zulmira Sales, nº 790, Parque Industrial, S.J.do Rio Preto-SP,

fones: (17) 212-2354

 

16. José Batista de Souza  (“Zé Pequeno”)

agropecuarista

Sítio Coqueiro, Bairro Coqueiro, Mirassolândia-SP

fones: (17) 212-2354 (recados)

 

17. José Cássio Mendes

agropecuarista

Rua São Paulo, nº 28, Centro, Jaci-SP

fones: 283-1119  e  9701-6284

 

18. Leonildo Volpato  (“Pedro de Lara”    “Pirilampo”)

mecânico

Rua dos Gerânios, nº 761, Jaci-SP

fone (17) 283-1261 (recado)

 

19. Luís Carlos Pereira da Silva  (“Alemão”)

mecânico de motos

Rua Encarnação Moreno Versuti, nº 30, Jardim Centenário, Tanabi-SP

fones: (17) 974-3367

 

20. Luiz Mendonça Filho  (“Seo Madruga”)

motorista

Rua Arlindo Biazi, nº 520, Bairro S. José Operário, São José do Rio Preto-SP

fone (17) 3234-7245  e  9609-7671

 

21. Manoel Messias Pereira  (“Manezão”)

operador de máquinas

Rua Dr. Cunha Júnior, nº 130, Centro, Tanabi-SP

fones: (17) ___________

 

22. Marcelo Joaquim de Souza

peão

Rua Francisco Marcos Vian, nº 585, Centro, Bálsamo-SP

fones: (17) ____________

 

23. Mauri Antônio de Andrade

assessor parlamentar

Rua Um, nº 41, Jardim Marajó, Campinas-SP

fone (19) 266-0536

 

24. Milton Ferreira Caires

agropecuarista

Rua Cel. Joaquim da Cunha, nº480, Centro, Tanabi-SP

fones: (17) 3272-1495  e  991-8641

 

25. Milton Silveira Perches

agropecuarista

Rua Jorge Tabacchi, nº 338, Centro, Tanabi-SP

fones (17) 3272-1272

 

26. Nildo Alves da Costa

amansador de animais

Estância Cruzeiro, Bairro Vila Thomaz, Tanabi-SP

fones: (17) ___________

 

27. Nilson Freitas Assunção  (“Neno Carrero”)

violeiro

Rua Marcílio Magalhães, nº 535, Bairro Centro, Tanabi-SP

fones: (17) 9728-2723

 

28. Pascoal Aparecido Galo  (“Cóca”)

agropecuarista

Fazenda Tupinambá, Mirassolândia-SP

fones: (17) 973-9170     263-1327    263-1265

 

29. Paulo Pereira dos Santos

funcionário público municipal aposentado

Rua Jacob Violin, nº 436, fundos, Bairro Centro, Tanabi-SP

fones: (17) 274-2463

 

30. Ronaldo Joaquim de  Souza

metalúrgico

Sítio São José, Mirassolândia-SP

fone: (17) ____________

 

31. Sérgio Antônio dos Santos

cinegrafista

Rua Achiles Benfatti, nº 141, Bairro Ipiranga, São José do Rio Preto-SP

fones: (17) 225-4936  e  991-2106

 

FROTA  DE  APOIO

 

 

Uma caminhonete (veículo precursor)

Um automóvel (veículo auxiliar)

Um caminhão-baú (bagagens, tralha e água para os animais)

Um caminhão-baú (cozinha, bagagens)

Um caminhão gaiola (ração, feno, tralha e animais de reserva)

Um caminhão gaiola (ração, feno, tralha e animais de reserva).

 

Tanabi, 27 de abril de 2.000.

 

 

 

Aguinaldo José de Góes

( um dos organizadores )

E-Mail   ajgoes54@uol.com.br

 

 

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